Médicos denunciam demissões e redução de leitos no Hospital 28 de Agosto após entrada de organização social
Profissionais, que estão com salários atrasados, alertam à população para evitar recorrer ao estabelecimento.
Médicos que atuam no Hospital e Pronto-Socorro 28 de Agosto, em Manaus, denunciam uma série de problemas que se intensificaram com a entrada da Organização Social Agir na gestão do hospital. As críticas envolvem a diminuição de leitos, demissões em massa e atrasos recorrentes nos pagamentos. Profissionais alertam a população para evitar recorrer ao hospital, especialmente durante o período de festas de fim de ano, em virtude da sobrecarga prevista na unidade.
De acordo com a médica ortopedista Carol Antony Houagen, do Instituto de Traumato-Ortopedia do Amazonas (Itoam), a ortopedia está encerrando suas atividades no 28 de Agosto após 36 anos de atuação. Em áudio divulgado nas redes sociais, ela destacou que os serviços estão sendo repassados a profissionais trazidos de fora do estado pela organização social, enquanto os trabalhadores locais enfrentam três meses de salários atrasados.
“O número de leitos será reduzido a um terço da capacidade atual, assim como o quantitativo de prestadores de serviço. Isso não atende à demanda da população do Amazonas”, alertou a ortopedista, afirmando que a saúde do estado “acabou de regredir muitos passos”.
A denúncia também foi reforçada pelo cirurgião Ruy Abrahim, que criticou a contratação da OS Agir, sediada em Goiânia, por R$ 31 milhões adiantados. Ele destacou a perda de postos de trabalho para profissionais locais, enquanto os novos contratos estão sendo firmados com valores abaixo dos praticados anteriormente.
“Profissionais que construíram histórias de dedicação e competência estão sendo substituídos por médicos de fora, sem vínculos com o estado”, afirmou. O médico também relatou episódios de paralisação de maqueiros devido à falta de pagamentos e a escassez de insumos essenciais, como ataduras para imobilização.
Resposta do Governo
Em nota, a Secretaria de Estado de Saúde (SES-AM) negou que haja redução no número de leitos ou na capacidade de atendimento do Hospital 28 de Agosto. Segundo a SES-AM, a Organização Social Agir assumiu a gestão após tentativas frustradas de negociação com o instituto que prestava serviços de ortopedia, que recusou a proposta do governo.
“Para garantir a continuidade dos serviços, novos ortopedistas foram contratados. Os profissionais locais foram consultados, mas infelizmente não aceitaram as propostas”, informou a secretária de Saúde, Nayara Maksoud. O governo assegurou que a expectativa é realizar 1.500 contratações até janeiro, com o objetivo de melhorar a eficiência dos serviços prestados.
A SES-AM também destacou a ampliação de 46 novos leitos no hospital em 2024 e reafirmou seu compromisso com a transparência na contratação da OS.
Impacto na população
Apesar das explicações oficiais, os médicos seguem alertando a população sobre possíveis impactos na qualidade do atendimento durante a transição de gestão. A situação do Hospital 28 de Agosto, considerado referência em urgência e emergência no Amazonas, gera preocupação em um momento crítico de alta demanda hospitalar devido às festividades de fim de ano.