Alvo de operação da PF, diretor-presidente do Ipaam é exonerado
Operação da PF desarticulou uma organização criminosa, resultou na exoneração de Juliano Valente e no bloqueio de bens ligados ao esquema de falsificação de documentos e venda ilegal de créditos de carbono.
O diretor-presidente do Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam), Juliano Valente, foi exonerado nesta segunda-feira (9), após uma operação da Polícia Federal que revelou um esquema de corrupção envolvendo fraudes fundiárias e a venda ilegal de créditos de carbono. O grupo, suspeito de tomar posse de 538 mil hectares de terras da União, teve bens avaliados em quase R$ 1 bilhão bloqueados. Rosa Mariette Oliveira Geissler, diretora técnica do Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam), assumiu interinamente a presidência do órgão após a demissão de Juliano, conforme anunciado pelo Governo do Estado nesta terça-feira (10).
Juliano Valente foi nomeado diretor-presidente do Ipaam no primeiro mandato de Wilson Lima, em 2019, e reconduzido ao cargo no segundo mandato, em 2023.
Segundo a Polícia Federal, durante a execução dos mandados de busca e apreensão na residência de Juliano Valente, ele tentou jogar fora o celular, mas não conseguiu. O aparelho foi apreendido e será periciado.
A operação foi realizada nos estados do Amazonas, Rondônia e Pernambuco. A Polícia Federal prendeu dois servidores do Ipaam e cumpriu 18 mandados de busca e apreensão, com alvos incluindo quatro advogados e um policial militar de Rondônia. Dionísia Soares Campos, superintendente da Agricultura e Pecuária do Amazonas, também foi alvo de busca.
De acordo com as investigações, servidores do Ipaam usaram suas funções para facilitar práticas ilegais, como a emissão de licenças ambientais fraudulentas e autorizações irregulares para desmatamento.
A Polícia Federal revelou que Juliano Valente fazia parte de uma organização criminosa envolvida em fraudes fundiárias no sul do Amazonas.
Os créditos de carbono, que fizeram parte do esquema, são uma ferramenta usada para combater o aquecimento global. Eles surgiram como uma maneira de compensar as emissões de gases de efeito estufa (GEE), responsáveis por alterações climáticas. Empresas ou países que conseguem reduzir suas emissões podem gerar e vender esses créditos como uma forma de compensação ambiental.
Cada crédito de carbono equivale a uma tonelada de dióxido de carbono (CO2) ou seu equivalente em outros gases de efeito estufa que deixaram de ser emitidos, originados de projetos como o uso de energias renováveis, reflorestamento, gestão de resíduos ou redução do desmatamento.